Caros leitores, deixamos em seguida algumas propostas de leitura sobre esta temática:
- Livro "Ernesto o menino com Gaguez em família " de Mónica Gaiolas.
Resumo: "O Livro Ernesto, o Menino com Gaguez em família", "é um livro infantil e pedagógico que conta a história de um rapaz com gaguez, retratando as dificuldades deste, de sua família e amigos em lidar com esta patologia. O referido livro permite à criança a compreensão do seu problema e o aumento da confiança na sua fala. Dirige conselhos a pais e educadores acerca de como melhorar a comunicação com uma criança com gaguez. Pode ainda auxiliar a intervenção terapêutica de Terapeutas da Fala e Psicólogos."
Caro leitor, deixamos aqui alguns conselhos que pode utilizar, caso tenha um aluno que sofra de gaguez.
O que deve fazer?
1- Em primeiro lugar, deve tratar a criança da mesma forma como trata as outras. Na verdade é igual a uma criança sem gaguez.
2- Deve tomar atenção ao que ela diz e não ao modo como esta se pronuncia. Caso veja que a criança se encontra ansiosa, deve dizer que não tem pressa, para ela falar à vontade e não incomodá-la.
3- Deverá incentivar a mesma a participar nos dias em que note que esta sente mais facilidade para falar.
4- Depois de ouvir a criança, poderá repetir por outras palavras o que esta disse, de modo a que ela perceba que a mensagem foi chegada a si, tornando assim a conversa natural. Desta forma, ela sentir-se-á mais segura.
5- Enquanto fala com a criança gaga, deve diminuir a sua velocidade de elocução, marcando bem as pausas no discurso e olhar-lhe nos olhos.
6- Para que a criança diminua mesmo a sua ansiedade, poderá fazer perguntas de respostas curtas. Poderá utilizar esta estratégia até verificar que há um maior à vontade para falar em frente à sua turma.
7- De entre muitas das avaliações realizadas aos alunos, uma delas é a da leitura. Para um gago, ler é um “pesadelo”. Assim, para a realização desta tarefa, poderá pedir uma leitura a pares.
8- Num dia em que a criança não for à escola, ou que esteja ausente, poderá falar com a sua turma, com o intuito de explicar o que não devem fazer, como é o caso de gozar, rir-se, imitar,…
O que deve evitar?
2- Pedir-lhe para pensar primeiro no que vai dizer, respirando antes de falar.
3- Terminar-lhe o discurso, pressupondo as palavras a utilizar pela mesma.
4- Propor por exemplo que quando disser uma frase, pare a meio da mesma para respirar, terminando-a de seguida.
5- Enquanto a criança fala, não mostre impaciência, desconforto e até mesmo alguma irritação por ouvi-la falar.
Não se esqueça que você pode ser uma grande ajuda para a criança gaga. Se demonstrar paciência, interesse,… pelo seu discurso, esta acabará por criar confiança e assim ficar mais calma diminuindo a ansiedade.
Mas o que tem o Bullying a ver com a gaguez?
Damos também a conhecer-vos um livro brasileiro infantil que aborda esta temática.
“Bernardo é um menino estudioso e gago. Quando passa para o segundo ano, começa a sofrer com as agressões verbais por parte de alguns colegas. Mas tudo melhora quando ele resolve reagir e contar o que se passava à sua professora”.
Na verdade, as crianças são muito cruéis, somos nós adulto, que temos de contrabalançar este tipo de situações. É um assunto muito sério. Por isso mantenham-se atentos ao que vos rodeia. Até lá …
Esta analogia explica que a
criança gaga apenas expressa a gaguez e esconde os sentimentos negativos que
advêm do seu problema, tais como medo, vergonha, ansiedade, culpa, desespero,
isolamento e negação.
As pessoas que acompanham
diariamente a criança devem estar atentas aos seus comportamentos e à forma
como ela se sente para que não se isole e sofra com a sua condição, a gaguez.
Estes níveis de gaguez ajudam a compreender o
desenvolvimento de comportamentos, perceção de incapacidades, limitando as
convicções e a identidade de uma criança gaga.
Quando ocorre uma melhoria no meio ambiente a fluência pode aumentar,
desenvolve-se uma autoestima saudável, vão diminuir os estímulos negativos, as
“chamadas de atenção”, as correções, entre outras.
Uma das estratégias que poderia ser utilizada para ajudar a criança na leitura em voz alta, poderia ser a leitura conjunta ao invés da individual, pois a criança sentiria um apoio.
Aceitar a gaguez - Não contrariar e não
reagir mal à condição da criança;
Não dar grande importância aos momentos de gaguez
- dar espaço à criança;
Não mostrar indiferença em relação à condição da criança - não é por se esconder o problema que este vai desaparecer. Existem momentos nos quais a criança precisa de ser confortada e confrontada, pois pode chegar algum dia a casa mais triste porque na escola os colegas gozaram com ela;
Manter o contacto ocular - desviar o olhar pode significar que o discurso não está a correr da melhor forma, fazendo com que ela se sinta mal;
Valorizar o conteúdo do que é dito e não a forma como se faz - Não importa o modo como a criança fala mas sim aquilo que ela diz;
Servir de modelo para a criança - falar de um modo mais lento e descontraído;
Dar tempo para que a criança se possa expressar - Existem crianças que não se sentem confortáveis quando terminam as suas frases por elas, portanto o melhor é deixar que ela se expresse livremente e que demore o tempo que for necessário;
Evitar dizer para falar mais devagar - pois tem um efeito negativo e vai criar mais ansiedade na criança;
Tempos diários de atenção conjunta - dedicar períodos do dia à criança. Uma das atividades que pode ser feita é a leitura para a criança e leitura conjunta;
Reduzir ansiedade perante situações novas – a rotina familiar é essencial para a estabilização emocional de qualquer criança. Quando esta rotina sofre alguma alteração tentar, sempre que possível, avisar com antecedência a criança.
Adaptado de: Gaiolas, M. (2010). Gaguez, da
Infância à Adolescência. Cascais. Vogais & Co.
Quando a criança entra para o 1.º
ciclo as suas rotinas de jardim de infância sofrem alterações. Os professores,
por norma, costumam não ser os mesmos e ocorre a mesma situação com os seus
colegas e a sua escola. Todas estas alterações não são fáceis para qualquer
criança, pois a rotina faz com que haja um sentimento de segurança e estas
mudanças fazem com que exista mais vulnerabilidade.
Entre os 6 e os 11 anos de idade
a criança desenvolve uma maior consciência de si e do outro, ela alarga a visão
que tem do mundo e desenvolve o pensamento. Compara-se com as pessoas com quem
convive, procurando diferenças e semelhanças. A partir desta altura a criança
com gaguez vai deparar-se com uma série de entraves comunicativos.
A gaguez não se encontra
diretamente ligada à inteligência, mas há que ter em conta que as crianças com
gaguez poderão ter dificuldade em transmitir o que sabem ou as suas opiniões.
Algumas situações sociais são
difíceis para um aluno que gagueje, pois alguns poderão causar danos emocionais
e psíquicos. São exemplos destas situações:
Apresentar-se à turma pela
primeira vez;
Iniciar uma amizade;
Falar em grupo e acompanhar
velocidade de fala dos colegas;
Falar com professores;
Etc..
Adaptado de: Gaiolas, M. (2010). Gaguez, da
Infância à Adolescência. Cascais. Vogais & Co.
Para dar a conhecer aos cibernautas, a existência da exposição de alguns mitos da gaguez neste blog, decidimos realizar o seguinte vídeo:
Olá! Certamente já devem ter ouvido falar em MITOS. Neste espaço, poderão encontrar alguns mitos da gaguez ...
Crianças gagas são menos inteligentes que as outras.
Mito: Não há relação entre gaguez e QI. Conforme o tempo passa, as pessoas gagas vão-se apercebendo dos fonemas em que possuem mais dificuldades como o [p], [t], [k]. Assim, o gago vai tentar substituir as palavras em que sente mais dificuldade, por sinónimos. Por este motivo, quando falamos com um gago pode dar a ideia de que demora muito para dizer o que pretende, mas isso deve-se ao facto de ter de pensar nessas mesmas palavras estratégicas.
Para ajudar uma pessoa gaga, basta dizer para ficar calma, relaxar, respirar fundo e pensar antes de falar.
Mito: Quando falamos com uma pessoa gaga, não devemos pedir para ela parar de gaguejar, ficar mais calma, respirar fundo,… pois é algo que ela não consegue ainda controlar e só piora a situação. Assim, deve-se esperar com paciência que termine o seu discurso.
Um susto pode causar gaguez.
Mito: Não há qualquer relação comprovada cientificamente, que identifique o susto como uma possível causa da gaguez.
O stress, pode ser uma causa para a existência de gaguez.
Mito: O stress, não causa gaguez, mas pode acentuá-la, ou em raras situações pode melhorá-la. De acordo com informação científica, há testemunhos a comprovar esta última situação, como é o caso de soldados com gaguez que falavam fluentemente em situações de guerra.
Mito: Em geral, a maior parte das pessoas pensa mais rápido do que fala. Mas, não podemos culpabilizar o ato de pensar mais rápido, ao surgimento da gaguez. Se assim fosse, a maior parte das pessoas era gaga.
Uma pessoa não gagueja quando tem realmente vontade de falar.
Mito: O aparecimento da gaguez é involuntário, pois a pessoa não consegue controlar na totalidade a sua fala. Assim, embora a força de vontade, contribua muito, para minimizar a gaguez, não a consegue impedir.
Mito: A gaguez não é contagiosa e não se pega. Ou seja não é por convivermos com uma pessoa gaga que vamos ficar gagos. Quando numa família, existem irmãos, sendo um(a) gago e outro(a) não, o que não é gago tem probabilidades de vir a ter gaguez, pois possui herança genética.
IMPORTANTE: Ninguém deve ter receio de conversar ou interagir com pessoas que gaguejam.
Mito: A gaguez, não é um comportamento voluntário, pois a criança gagueja sem “pensar”.
A criança pode ficar gaga depois do nascimento de um irmão, devido aos ciúmes.
Mito: A gaguez não surge por haver ciúmes. A gaguez pode iniciar-se por volta dos 2-3 anos de idade (podendo ir até aos 8), uma vez que é aqui que ocorre a fase natural de desenvolvimento das estruturas cerebrais responsáveis pela automatização da fala. Normalmente a diferença de idades entre irmãos, coincide com esse período de tempo, dai que se atribua como causa do aparecimento da gaguez o nascimento do irmão.
Quando um gago fica nervoso, gagueja mais.
Verdade: Esta é uma afirmação verdadeira, pois quando um gago mente, fala em frente a muitas pessoas ou até mesmo quando expõe um assunto sobre o qual não se sente à vontade ou não domina, tem tendência a aumentar o grau de gaguez. Na verdade, até mesmo uma pessoa que não sofre dessa perturbação, em situações idênticas apresenta uma menor fluência no seu discurso.
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